quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Clube de Xadrez Três Rios Entrevista o GM Vescovi !!!!
Conversamos durante o Campeonato Brasileiro Escolar com o Grande Mestre Giovanni Vescovi atual número 2 do Brasil e com rating fide de 2646. Ele nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, mas foi criado em São Paulo aonde ainda reside. É advogado mas não exerce atualmente a profissão. Entre seus títulos mais expressivos está o hexacampeonato brasileiro absoluto, campeão pan-americano juvenil, campeão mundial juvenil por equipes, vice campeão mundial mirim e campeão do continental das Américas. Giovanni é poliglota e fala o espanhol, o inglês, o alemão, o sueco e o russo. É pai de Katherine de 10 anos campeã brasileira sub-10 e também campeã escolar 4ªsérie feminino em 2009 e de Giovanni Vescovi Filho de 6 anos campeão brasileiro escolar pré-escola.
1-Mesmo com pequeno apoio nós presenciamos um crescimento do xadrez no Brasil, a que se deve isto? E se este apoio fosse maior o Brasil poderia se tornar uma potência em breve neste esporte?
GV: Eu diria o seguinte: o apoio não é o ideal, mas em breve isto vai mudar. Vejo muitas pessoas envolvidas com o xadrez, os pais estão apoiando aos atletas. Penso também que as pessoas ligadas ao xadrez devem procurar o poder público e a mídia para que o xadrez possa ficar em evidência. Não ficar somente esperando surgir o apoio e sim correr atrás dele. O momento atual é bom, o país está mais rico que há 20 anos atrás, mas acho que o treino e incentivo na base deveria ser levado mais a sério. É um absurdo o Brasil não figurar entre os 10 primeiros no Pan-Americano infantil. As pessoas envolvidas parecem não saber o que é ser bom de verdade, é preciso treinar mais, estudar mais, aumentar o nível médio da base vai aumentar o nível dos bons jogadores. Mas vejo a situação com otimismo, o trabalho na CBX está sendo bem feito e com o apoio ideal o Brasil facilmente dominaria o xadrez Latino-Americano em 3 a 4 anos. Em termos técnicos a equipe principal masculina está muito forte, tem o talento dos novos GMs (Fier, Diamant, Krikor) e acredito que com o treino adequado podemos ficar entre os 10 ou 15 melhores na próxima Olimpíadas.
2-Você acredita que o xadrez escolar como instrumento pedagógico é de fato um diferencial na formaçãodo aluno e do futuro cidadão?
GV: Tenho certeza. Agora uma coisa é o xadrez escolar bem implementado, outra coisa é a escola ter uns jogos de peças e os alunos apenas jogarem xadrez, aí é apenas um passatempo. A figura do professor de xadrez é importante e uma diretriz nacional mais ainda para definir e orientar a ação deste professor. A prática do xadrez é muito importante para a criança. Não precisa esperar que todas virem grandes enxadristas ou GMs, mas a grande maioria que dedicou um tempo ao xadrez se tornaram pessoas mais centradas, mais focadas, dedicadas, dão maior valor aos estudos e ao trabalho, têem maior senso de responsabilidade.
3-Com que idade você iniciou a praticar xadrez e como foi isto?
GV: Aprendi com meu pai em casa. Com 2 anos de idade eu já sabia o nome das peças e já sabia, também, montar o tabuleiro. Com 3 para 4 anos aprendi o movimento das peças, mas somente com 8 anos fui para um clube( o Clube Paulistano de Xadrez) e aí sim comecei a estudar xadrez.
4-Seus filhos já iniciaram no xadrez e também trilham o caminho do sucesso. O fato de terem o pai hexacampeão brasileiro ajuda ou atrapalha aumentando a pressão?
GV: Tem vantagens é claro, mas as pessoas pensam que não temos uma vida normal e que conversamos de xadrez em casa todo dia. A pressão também é grande e se eles conseguirem vencer esta pressão já serão vencedores.
5-Que conselho daria você a uma criança que quer levar o xadrez mais a sério? Ler livros? Estudar com um professor? Treinar com que frequência?
GV: Se a criança gosta realmente, se sente realizado e feliz em jogar ele deve aperfeiçoar seu jogo. É muito legal ter um treinador e este tem o papel de fazer deste treino um ambiente legal, dosar diversão e seriedade. Mas só aula não é o suficiente, pode até ser que este jogador tenha um destaque estadual ou até nacional na categoria mas não vai ser um grande jogador em nível internacional.É preciso criar o hábito da leitura e por volta de 9 a 10 anos a criança já pode iniciar este hábito. Existem excelentes livros de xadrez mas também boas revistas com uma leitura mais agradável e ótimos sites de xadrez aonde as crianças podem jogar e ver jogos dos grandes jogadores.
Postado por Clube de Xadrez de Três Rios, aqui.
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