domingo, 22 de fevereiro de 2009

Entrevista com AI Friedrich Alfred Salamon, por Elcio Mourão e Rafael Rafic

Posted on 00:12 by Mourão, Elcio Conte Lofredo

Mestre, quero agradecer essa oportunidade de entrevista-lo e passar um pouco do seu grande trabalho a frente da arbitragem do Estado do Rio de Janeiro, para essa nova geração de enxadristas e principalmente para Mendes.



Perfil

Nome: FRIEDRICH ALFRED SALAMON
Aniversário: 05/09/1928
Nascimento: Weissenfels / Saale
Residência: Rio de Janeiro.
Formação: Engenheiro Químico Industrial
Atividades: Aposentado

Quando ocorreu seu interesse pelo xadrez?
S: Participei do meu primeiro torneio em maio de 1939, quando tirei o 21º lugar entre 23 participantes no meu internado.
Nunca mais deixei de gostar!

E pela arbitragem?
S: Em 1972, quando a FIDE lançou o primeiro regulamento do sistema suíço, e pelo convite de Felix Sonnenfeld para instituir.
Dirigi meu primeiro torneio no inicio de 1973, o 1º Campeonato Juvenil da Federação Metropolitano de Xadrez.
Quais os passos que alguém teria de seguir para pleitear o título de árbitro da FEXERJ?
S: Estudar muito, participar de um curso de arbitro nacional com registro na FEXERJ e se submeter uma prova de habilitação ministrado pelo Conselho de Árbitros da FEXERJ.

Quais qualidades você julga que a pessoa deve desenvolver para ser um bom árbitro?
S: Em primeiro lugar honestidade de propósito, depois muito bom senso e vontade de cumprir as leis, mesmo contrariando interesses próprios ou particulares.

Alguns dizem que o árbitro de xadrez é um jogador mal-sucedido. O que você pensa sobre isso?
S: Quando a FIDE instituiu o sistema de final acelerado, acabou com o mito, porque o julgamento de um pedido deste corretamente exige muito conhecimento, principalmente de teoria de finais.
Todavia, a atividade de arbitragem deixa pouco espaço para participar de competições, por isso nasceu o mito.

Poderia nos falar sobre as suas atividades na Federação de Xadrez do Estado do Rio de Janeiro?
S: Fui o principal arbitro da FMX e da FEXERJ de 1974 até 2004. Neste intervalo dirigi mais de 450 torneios oficiais, alem de provas da CBX e da FIDE.

E quanto à atuação como dirigente?

S: Comecei em 1970 como participante da diretoria da AABB:Rio e fui eleito jogador do ano na agremiação em 1971. Em 1972 fui nomeado Vice-Presidente Técnico da Federação Metropolitano de Xadrez. Em 1973 fui nomeado Vice-Presidente Técnico da CBX, quando criei as Semifinais do Campeonato Brasileiro em substituição aos Zonais regionais, até então vigentes .
Em 1974 fui eleito (último) Presidente da Federação Metropolitano de Xadrez com a incumbência de promover a fusão da entidade com a Federação Fluminense de Xadrez.
Nestes dois anos criei a lista de Rating da Federação pelo sistema ELO, o registro obrigatório de vínculo dos jogadores com um clube filiado, os estatutos, regulamento e regimentos da futura entidade FEXERJ.
Em 1º de julho de 1976 fui eleito então o primeiro presidente da FEXERJ.
Em 1978, terminado meu mandato, fui nomeado Vice-Presidente Técnico da FEXERJ, quando criei a Taça Eficiência dos Clubes filiados.
Acumulei o cargo com a do diretor de Rating da CBX e responsável pela representação junto a FIDE em assuntos afins durante 8 anos. Em 1982, a FEXERJ criou o cargo de Presidente do Conselho de Árbitros, que sucessivamente eleito, ocupo até hoje.

A maior dificuldade para os árbitros de xadrez seria o item 10.2 das Leis da Fide? Até que ponto o bom-senso é fundamental para a aplicação dessa polêmica regra?
S: As regras da FIDE exigem do árbitro o julgamento pelas circunstâncias do momento, por isso a aplicação das regras e maleável. Como a decisão do árbitro não pode ser contestado, o bom senso se torna fundamental, sem ferir o espírito da lei.

Como você analisa as mudanças nas Leis da FIDE que entrarão em vigor a partir de 01 de julho de 2009? Como fazer prevalecer o bom senso frente à proposta de tolerância zero para os atrasos?
S: Não analisei as mudanças ainda com profundidade, mas a regra de tolerância zero só podem ter validade em torneios fechados, onde nenhum participante precisa de condução para chegar ao local da prova. Certamente a FIDE abrirá uma tolerância neste sentido.

Tem algum plano de aposentadoria e eventual preparação de substituto na FEXERJ ou continuará na ativa até quando puder?
S: É claro que quero deixar as responsabilidades do Presidente do Conselho de Árbitros, porque já não tenho pique para freqüentar as competições oficiais, mas gostaria manter a responsabilidade pelo rating, do qual fui criador, enquanto puder.

Qual a expectativa que podemos ter em relação ao xadrez do Rio de Janeiro e Nacional como um todo, numa época de grande crescimento da modalidade (especialmente no meio escolar)?
S: Quando maior a atividade inicial, maior o futuro. Lembro que até pouco tempo atrás a FEXERJ ainda vivia das promoções do GLOBO (Fundação Roberto Marinho) na década de 80, várias vezes imitados com pouco resultado. As atividades criadas em Petrópolis, Vassouras, Mendes e pela FEXERJ nas escolas estaduais já fizerem surgir valores novos para substituir os velhos mestres, prometendo renovação.

Mestre, Perguntas rápidas:

1 - Competições que mais gostou de arbitrar ou dirigir?
S: Torneios suíço com mais de 100 participantes. Não me lembro em que ano foi, mas Ricardo Teixeira montou uma competição aberta em sistema suíço em 6 rodadas por ocasião da inauguração do Iguatemi Fortaleza, chamado Coca Cola / Mister Pizza, com a presença do recém-formado MI Milos. A competição teve 3 dias de duração e 240 participantes.
Ainda não existia computador na época e tive que trabalhar quase dia e noite para produzir o quadro sinóptico e os emparceiramento. Quando encerrei a competição foi aplaudido de pé por todos os competidores e nunca poderei esquecer esta ovação.

2 – Momento mais marcante da carreira?
S: O recebimento do diploma de AI em 1981 e a nomeação para dirigir os três Campeonatos mundiais e do Pan-americano.

3 – Torneio mais difícil para arbitrar?
S: Campeonato Infantil.

Segue relação do departamento de árbitros da FEXERJ:

AI FRIEDRICH ALFRED SALAMON
AN MARCELO EINHORN
AN EDUARDO ARRUDA DA GAMA DE AZEVEDO CUNHA
AN RICARDO DE SOUZA BARATA
AN PEDRO PAULO DA SILVA QUEIROZ
AN MANOEL ANTONIO DA CRUZ MIGUEIS
AE JOSE DUARTE DE BARROS
AE JORGE MORAES COSTA
AE SYLVIO LUIZ SOARES DE REZENDE
AE SELMO BASTOS PINTO
AE CARLOS CESAR AMORIM
AM ELCIO CONTE LOFREDO MOURÃO
AM FERNANDO ANTONIO DE BARROS MADEU
AM PAULO CESAR LEVY
AAe AGOSTINHO ARRUDA D'OLIVEIRA
AAe SILVIO JORGE DO ROSARIO HENRIQUES
AAe MARCO DE CASTRO COUTINHO
AD JORGE DOS SANTOS
AD PIETRO FERRAZ E SILVA
AD FERNANDO MARCIO XAVIER DE ARAUJO

5 Response to "Entrevista com AI Friedrich Alfred Salamon, por Elcio Mourão e Rafael Rafic"

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Kleber Victor Says....

Parabéns ao Élcio e ao Rafael pela iniciativa da entrevista, foi muito bom ver o Salamon a quem o xadrez Carioca deve muito, e é um exemplo a ser seguido.
Grande abraço a você Salamon!
Kleber Victor

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XADREZ CARIOCA Says....

Muito boa a iniciativa e a entrevista com o Salomão. Deu para matar um pouco da saudade do alemão. Parabéns ao Élcio e ao Rafic.

AMORIM

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Maiakowsky, um blog sobre xadrez (e algo mais!) Says....

Parabéns pela entrevista, excelente ler que o Salamon está muito bem!
Grande abraço ao Salamon!
Sugiro uma entrevista com o Waldemar Costa.

Eduardo Maia.

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Rafael Rafic Says....

Maia, sugestão anotada. É uma ideia que tenho a tempos. Gostaria de fazer uma entrevista longa, algo bem próximo ao que fiz com o Wagner. Planos para o futuro com certeza.

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Bluluzinhas Says....

Que bom saber que o grande Salamon ainda está na ativa!
Elcio e Rafael, parabéns!
Para mim, Salamon, o torneio mais importante que você arbitrou foi o "Cuca Legal", em 1979.
Saudade e grande abraço,
Regina Ribeiro

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